O Ibovespa fechou em alta de 1,51% nesta terça-feira (22), aos 116.156 pontos, puxado pelo recuo dos juros no cenário interno e por notícias provindas da China.
“A Bolsa fechou em alta, apesar da fraqueza das bolsas norte-americanas. O movimento é impulsionado pela queda acentuada dos DIs, em meio a notícias de que a Câmara dos Deputados deve votar ainda hoje o novo arcabouço fiscal”, fala Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
Na véspera, o temor de que a votação do arcabouço fiscal ficaria para a próxima semana, mais perto da data limite no fim de agosto, impulsionou a curva de juros com o mercado temendo um impasse. Hoje, líderes de partidos e o vice-presidente, Geraldo Alckmin, defenderam que a votação irá sair.
“O arcabouço é visto como essencial para abrir o caminho para cortes de juros mais significativos pelo Banco Central, que sempre mencionou como empecilho as incertezas sobre a política fiscal”, completa o analista.
Os DIs para 2024 recuaram um ponto-base, a 12,42%, e os para 2025, sete pontos, a 10,54%. As taxas dos contratos para 2027 e 2029 perderam ambas nove pontos, a 10,39% e 10,91%. Os contratos para 2031 foram a 11,22%, com menos quatro pontos.
Com isso, companhias ligadas ao mercado interno foram destaque entre as altas do Ibovespa. As ações ordinárias da Arezzo (ARZZ3) ganharam 4,74%, as da EzTec (EZTC3), 4,36%, e as da MRV (MRVE3), 3,61%.
Fora isso, o índice também foi puxado pelas ações ordinárias da Vale (VALE3), que subiram 2,25%. Os papéis acompanharam o minério de ferro, com o Dalian avançando 4,5%, para US$ 110,52 a tonelada, com notícias sobre políticas de apoio da China e sinais de recuperação da demanda.
“A implementação de medidas de política de flexibilização fiscal e monetária macro e micro-direcionadas em nível municipal e provincial parece estar de volta à moda e ganhando força”, disse Atilla Widnell, diretor administrativo da Navigate Commodities, em entrevista a Reuters.
Com tudo isso, Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, lembra que a Bolsa brasileira se destoou daquilo visto nos Estados Unidos. Em Nova York, Dow Jones e S&P 500 caíram 0,51% e 0,28% enquanto a Nasdaq subiu 0,06%.
Por lá, investidores continuam acompanhando a questão dos juros, aguardando as falas de dirigentes do Federal Reserve no simpósio de Jackson Hole – com Jerome Powell, presidente da instituição, falando na sexta.
Contudo, também houve alívio na curva de juros por lá. Após as recentes altas, os treasuries yields recuaram, com o para dez anos perdendo 1,4 ponto-base, a 4,328%. O dólar, com tudo isso, fechou em queda de 0,76% frente ao real, a R$ 4,940 na compra e a R$ 4,941 na venda.