SÃO PAULO – Seguindo a alta da véspera, o Ibovespa mostrou uma reação positiva após o Federal Reserve anunciar a redução dos estímulos nos EUA. O índice encerrou esta quinta-feira (19) com alta de 2,12%, aos 51.633 pontos. Foram 12 ações subindo mais de 4%. Após subir 17% no último pregão, a Eletropaulo (ELPL4, R$ 12,15, +8,00%) ficou mais uma vez com o destaque positivo com sua 3ª alta seguida, acumulando ganhos de 31,89% no período e atingindo seu maior patamar desde março deste ano.
Além do “short squeeze”, mencionado na véspera, que ocorre quando há escassez de determinada ação no mercado para ser alugada, o que faz os investidores que estão posicionados vendidos no papel fechem suas posições, o movimento da Eletropaulo ocorre também pela crença de que a empresa pode ter grandes chances de reverter a decisão da Aneel, que definiu que a companhia terá que restituir em R$ 626 milhões os consumidores.
Na ponta negativa, foram apenas 6 das 72 ações do benchmark fechando em queda. Entre os destaques negativos, grande parte dos papéis foram de empresas que já acumulam bons ganhos recentes, ou então de ativos tidos como mais defensivos. Nesse sentido, destaque para a Dasa (DASA3, R$ 13,30, -1,41%) e a B2W (BTOW3, R$ 16,35, -1,21%), que apenas em dezembro acumulam ganhos de 16,30% e 9,20%, respectivamente.
No caso da varejista, também pesou a recomendação de venda feita pelo Deutsche Bank. Segundo a equipe de análise do banco, o atual preço das ações BTOW3 está muito alto. Para o analista Marcel Moraes, a companhia teria que trazer suas margens operacionais de volta para os níveis de 2010, o que é improvável devido ao atual ambiente competitivo no setor.
Siderúrgicas entre os maiores ganhos após reajuste
Chamaram atenção também as ações da Usiminas (USIM3,+5,87%, R$ 12,44; USIM5,+3,59%, R$ 14,41), que subiram fortes após o anúncio de reajustes de preços. A Usiminas e CSN (CSNA3) estão anunciando, desde a terça-feira, aos seus clientes da distribuição aumento de preços para os aços planos para entrar em vigor em janeiro, disse fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
A Usiminas irá elevar os preços em 6%, enquanto o aumento da CSN será de cerca de 7%. Os papéis da CSN registraram alta de 3,15% neste pregão, cotados a R$ 14,07.
CCR avança com elogios após vitória em leilão
Outra ação que se destacou na ponta positiva foi a CCR (CCRO3), que avançou 4,65%, a R$ 17,79. O desempenho ocorre principalmente após corretoras e bancos destacarem positivamente a vitória da companhia no leilão de concessão do trecho sul-mato-grossense da BR-163, com um desconto de 52,7% em relação à tarifa teto.
Relatórios da Ativa e do JPMorgan colocaram o papel como favorito no setor. Enquanto isso, o HSBC acredita que a adição do novo ativo terá pouco impacto na atual avaliação da empresa, mas aumentará o prazo médio da carteira sua de pedidos. Em relatório, os analistas do HSBC, Alexandre Falcão, Gustavo Gregori e Ravi Jain, destacaram que, após vencer o leilão, a CCR afirmou que vinha estudando o crescimento do tráfego desse trecho nos últimos anos e está confiante de que a alta acima da média do PIB no Mato Grosso do Sul irá ajudá-la a alcançar um crescimento acima do esperado nesse trecho.
Após Fed, alta do dólar ajuda companhias na bolsa
Além do humor positivo no mercado, destaque também para as empresas apoiadas no desempenho do dólar comercial, que nesta sessão subiu 0,33%, atingindo R$ 2,3503 na venda. Com o anúncio da redução dos estímulos nos EUA, a expectativa dos especialistas é que a moeda norte-americana registre altas, pelo menos no curto prazo. Alguns analistas acreditam que a divisa atinja até R$ 2,45.
Além das siderúrgicas, que veem na alta do dólar um cenário melhor para a concorrência internacional, já que o preço dos produtos importados aumenta, outro setor que é favorecido pela alta da moeda é o de papel e celulose. Segundo o analista João Pedro Brugger, da Leme Investimentos, algumas das empresas do setor possuem grande parte de sua receita atrelada ao dólar. Nesse caso, o destaque desta sessão fica com a Fibria (FIBR3, R$ 27,56, +4,63%).
Embraer vira para baixo após subir quase 3%
Também chamaram atenção as ações da Embraer (EMBR3,-0,98%, R$ 18,20), que viraram após atingirem valorização de 2,77%, a R$ 18,89. A empresa aérea russa Saratov Airlines arrendou dois aviões E195 da Embraer e será a primeira operadora de jatos da fabricante na Rússia. Além disso, na véspera foi anunciado que o Brasil comprará caças suecos por US$ 4,5 bilhões. Segundo a XP Investiemntos, a notícia pode beneficiar a Embraer pois parte das aeronaves serão desenvolvidas pelo Brasil e a troca de tecnologia e informações também poderia favorecer a companhia brasileira.
HRT sobe pelo 4° dia e atinge máxima desde outubro
Fora do Ibovespa, as ações da HRT Participações (HRTP3) subiram pelo quarto dia, acumulando no período ganhos de 23,68%. Somente neste pregão, os papéis subiram 4,44%, a R$ 0,94 – atingindo o maior patamar desde 9 de outubro. Segundo informou o Valor, a empresa realizou uma reunião hoje para tratar a venda de 6% dos blocos da Bacia de Solimões, no Amazonas. O negócio, que inclui a venda de quatro sondas chinesas da HRT, por um valor entre US$ 35 milhões e US$ 40 milhões, está sendo tratado com a russa Rosneft e deve ser feachdo ainda em janeiro.
Ações da Marcopolo e Randon em quedas sucessivas
Ainda fora do índice, destaque para os ativos da Marcopolo (POMO4, R$ 4,93, -2,57%) e da Randon (RAPT4, R$ 10,87, -1,45%). No caso da Marcopolo, já são 8 sessões seguidas de queda, com os ativos atingindo seu menor patamar desde agosto e acumulando perdas de 16% no período. Enquanto isso, a Randon acumula perdas de 8,67% apenas em dezembro.
Na última semana, as duas companhias foram afetadas pelo anúnico da prorrogação do PSI (Programa de Sustentação do Investimento) em 2014, com aumento das taxas de juros nos diferentes segmentos em que o financiamento é ofertado e diminuição da participação do financiamento no valor total do produto. Como apontou a equipe da XP Investimentos na época, a notícia é bastante negativa para algumas empresas do setor de autopeças, caso das duas apontadas acima.